Antes de avaliar o aspecto definitivo de uma cicatriz e poder considerá-la estável, é preciso aguardar cerca de 1 ano. Logo após a retirada dos pontos, geralmente a cicatriz é bela, fina e linear. Porém, nas semanas seguintes ela se torna dura, avermelhada, ligeiramente inchada e com prurido (coceira). Aos poucos, com o passar do tempo, ela vai ficando progressivamente mais clara, mais baixa e mais amolecida, cessando o prurido. Este processo se encerra com uma cicatriz mais ou menos discreta, normalmente flexível, branca, insensível e indolor.
O processo de cicatrização acima descrito apresenta três fases principais: inflamatória, proliferativa e remodelamento. ra). A fase inflamatória se inicia no momento da lesão do tecido e dura cerca de 24 – 48 horas. As plaquetas formam o coágulo inicial e liberam substâncias que exercem o poder de atração sobre os macrófagos e os neutrófilos, que atuam removendo o tecido necrosado e as bactérias. Por volta do 3° dia surgem no local os fibroblastos, dando início à fase proliferativa. Nesta etapa, além da produção do colágeno pelos fibroblastos, temos a formação de novos vasos sanguíneos e capilares. Na fase de remodelamento, que dura cerca de 1 ano, temos a substituição do colágeno tipo III pelo colágeno tipo I e o aumento do número de ligações cruzadas entre si, evoluindo para uma ferida mais resistente. Ao final deste processo, o tecido de cicatriz formado possuirá cerca de 80% da resistência à tensão de um tecido normal.
Alguns fatores como a infecção, a falta de oxigênio, a presença de tecido necrosado ou corpo estranho e a desnutrição, podem retardar a cicatrização. Até os dias de hoje, nenhum creme ou pomada, nenhum produto ou procedimento se mostrou realmente eficaz em acelerar este processo.
O fato é que a cicatrização é um processo de reparação natural do organismo, uma resposta inflamatória à lesão. Com o passar dos anos, costuma resultar em cicatrizes de boa qualidade. Isto é, a menos que não ocorra uma reação de cicatrização exagerada, que acabe por formar um quelóide. Mas isto é assunto para o nosso próximo artigo.
Até lá, um abraço,
Pedro Faveret