Quando comecei na cirurgia plástica, muitas pessoas me diziam que jamais ‘colocariam uma prótese na mama’ pois tinham medo. Atualmente, não se fala mais nisso.
Ao longo dos últimos anos, várias suspeitas recaíram sobre as prótese de silicone mamário, sendo a mais preocupante delas e que levou à suspensão da sua comercialização nos EUA, a de que causava câncer nas mamas.
Entretanto, após cerca de 20 anos de proibição e inúmeros estudos, trabalhos e comissões com centenas de milhares de pacientes estudados, o FDA (Food and Drug Administration) concluiu pela segurança das próteses, atestando, inclusive, uma incidência menor de câncer de mama em mulheres que possuíam os implantes.
Atualmente gigantes industriais, tais como a Allergan e a Johnson & Johnson, além da brasileira Silimed, fabricam implantes de silicone de alta qualidade, com três camadas de revestimento e um gel de silicone altamente coesivo no seu interior e com know-how tecnológico de mais de 30 anos.
Logo, o que tivemos foi uma fraude em um processo produtivo de uma indústria que fornecia para duas empresas, a PIP e a Rofil, de quase nenhuma participação no mercado.
O detalhe mais importante nisso tudo é que a Anvisa, para liberar a comercialização destes implantes no Brasil, verificava apenas a documentação. Nunca realizara estudos em laboratórios com as prótese para certificar-se de que aquilo que estava no papel era aquilo mesmo. Como também nunca realizara estudos com os implantes oculares, com as próteses ortopédicas, próteses cardíacas, próteses vasculares e outras.
A questão que permanece é: por que a Anvisa vai verificar apenas as próteses mamárias? Sim, correto. E as próteses oculares, ortopédicas, cardíacas, vasculares? Não precisam de ‘testes de resistência’, ‘testes de stress’? Não? Por que apenas as próteses mamárias?
Dr. Pedro Faveret